Você chega na farmácia e o medicamento receitado está disponível, mas há um problema: a dose é o dobro da recomendada. Ou, ainda, a caixa com maior concentração de princípio ativo sai pelo mesmo preço que a indicada pelo médico. Nessas situações, uma saída bastante utilizada é cortar comprimido ao meio. Afinal, 20mg, dividido em duas partes, resulta em cada uma delas com 10mg, certo? Errado! Mesmo que essa seja uma prática comum, não é tão inofensiva quanto parece.
Vale destacar, no entanto, que a precaução não se aplica a todos os tipos de medicamentos – alguns podem, sim, ser fracionados! Para te ajudar nessa diferenciação (que deve sempre contar com a orientação de um médico ou farmacêutico), reunimos informações importantes a seguir. Vamos lá?

Comprimido é tudo igual? Conheça as apresentações dos medicamentos orais
Se você faz uso contínuo de medicamentos, já deve ter percebido, na bula ou na embalagem, que alguns são chamados de drágeas, outros de cápsulas. Há também os denominados “gastrorresistentes” e os que são de liberação controlada. Bom, essas classificações não existem por acaso e conhecê-las ajuda a entender por que, na maioria das vezes, cortar comprimido ao meio é contraindicado.
Todo medicamento é composto por um princípio ativo (o componente que irá, de fato, agir contra a doença) e outras substâncias complementares. Estas não atuam diretamente na cura, mas estão ali para proteger o princípio ativo de fatores que podem diminuir sua eficácia. Essas “substâncias protetoras”, que estão descritas na bula na seção “excipientes”, também ajudam a evitar alguns efeitos colaterais.
Nesse cenário, a apresentação dos remédios tem relação direta com as necessidades de preservação da substância principal, como você vê abaixo:
- medicamentos de liberação controlada: possuem uma camada protetora que impede a liberação do princípio ativo de uma só vez. A distribuição no organismo é gradual, o que ajuda a diminuir os efeitos colaterais;
- cápsulas: essas são facilmente reconhecíveis! Normalmente, as cápsulas contêm uma dose única do princípio ativo, envolta por uma camada de amido ou gelatina. Assim, tornam-se mais fáceis de engolir e a substância fica protegida da luz;
- gastrorresistentes: como o próprio nome sugere, são as medicações que passam intactas pelos ácidos do estômago. Dessa forma, chegam ilesas para agirem ou serem absorvidas diretamente pelo intestino;
- drágeas: com o objetivo de amenizar sabores ou cheiros desagradáveis, contam com uma camada de açúcar. A substância também protege a fórmula da degradação física ou química. Vale acrescentar que as drágeas também são chamadas de “comprimidos revestidos”.
Como podemos perceber, a forma de apresentação dos medicamentos é sempre pensada para garantir a eficiência e a segurança da fórmula. É considerado, ainda, o máximo conforto do paciente.
Por esse motivo, cortar comprimido ao meio pode comprometer as características originais da medicação, interferindo no sucesso do tratamento. Não por acaso, é extremamente importante identificar quando a prática é permitida!
O que pode acontecer se os comprimidos forem divididos?
Ao romper o revestimento do comprimido, você expõe a metade que “sobrou” a diversos fatores externos prejudiciais para a fórmula, tais como luz, umidade e calor. Há também um outro perigo potencial: a chance de contaminação por microrganismos. Nesses casos, o medicamento apresenta alterações na cor, no cheiro e na textura. Se você perceber esses sinais, o uso não é recomendado!
O melhor a ser feito, aqui, é levar o remédio até uma farmácia para realizar o descarte correto. Um estudo realizado na Universidade Católica de Pelotas (UCPel) e publicado na Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada apontou os riscos associados à prática de dividir comprimidos.
Para a análise, a pesquisa utilizou um medicamento bastante comum para a hipertensão: a hidroclorotiazida. De acordo com os autores, “a dose apropriada e indicada para produção de comprimidos de hidroclorotiazida, segundo a Relação de Medicamentos Essenciais (Rename, 2010), é 12,5 mg e 25 mg. Apesar desta recomendação, este fármaco somente é disponibilizado nas apresentações comerciais de 25 mg e 50 mg”.
Nessa perspectiva, seja para reduzir custos ou facilitar a deglutição, muitos pacientes são instruídos a dividir o medicamento. E foi o que os pesquisadores fizeram: o fracionamento de 750 comprimidos de hidroclorotiazida. Após a análise, ficou constatado que, em nenhum deles, as duas metades continham a mesma quantidade de princípio ativo. A diferença detectada foi cerca de 15%, um valor bastante significativo.
Como conclusão, o experimento reforça o alerta: se houver a divisão de medicamentos que não foram desenvolvidos com essa proposta, o paciente não estará ingerindo a dose recomendada. Em outras palavras, haverá prejuízos para a eficácia do tratamento. Fique atento!
Afinal, quando posso cortar comprimido ao meio?
A essa altura, é provável que você esteja se perguntando: se a divisão prejudica a eficácia do tratamento, por que algumas medicações possuem um vinco indicando exatamente a metade do comprimido? De fato, alguns fabricantes afirmam que é possível fazer a partição com segurança. Mas atenção: nem todo remédio que conta com essa marcação pode ser fracionado! Apenas médicos ou farmacêuticos poderão orientar a conduta correta nesses casos.
Caso o comprimido que você use não tenha a dose receitada disponível, converse com o farmacêutico sobre outras opções de apresentação. Gotas, xaropes ou adesivos podem ser indicados para que o tratamento siga de acordo com o prescrito! Como mencionamos, há também as medicações que permitem a divisão. A continuidade, especialmente para pessoas com doenças crônicas, é imprescindível para manter a saúde em dia.
Far.me Box: conhecimento especializado para assegurar a dose certa
A questão da divisão dos comprimidos é uma dúvida comum entre os pacientes – e ela ganha ainda mais importância quando descobrimos tudo o que há por trás da prática. Para facilitar a administração de medicamentos contínuos e manter a regularidade na dose (independentemente da apresentação dos remédios!), a Far.me conta com uma solução inovadora apoiada por conhecimento farmacêutico: a Far.me Box.
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