Dipirona, ibuprofeno, paracetamol e loratadina: você sabe o que eles têm comum? Todos eles são medicamentos isentos de prescrição (abreviadamente chamados de MIPs), os quais é possível adquirir sem que seja necessário mostrar uma receita médica ao farmacêutico.
Os MIPs são reconhecidos pelas leis federais desde 1975, mas foi em 2003 que a agência nacional regulatória do nosso país (ANVISA) criou a primeira regulamentação dos medicamentos isentos de prescrição, a RDC 138 de 29 de maio daquele ano.
Através desse documento, vale acrescentar, todos os critérios necessários para considerar um determinado medicamento como um MIP foram estabelecidos.
Apesar de não necessitarem de receita médica para serem comprados, é preciso estar bastante atento ao uso desses remédios. Uma vez que o acesso é tão facilitado ao consumidor, abre-se espaço para os perigos da automedicação.
A seguir, reunimos tudo o que você precisa saber sobre os medicamentos isentos de prescrição. Confira!
O que são medicamentos isentos de prescrição (MIPs)?
Como dito acima, os medicamentos isentos de prescrição (MIPs) são aqueles que você consegue adquirir nas farmácias sem precisar apresentar receita médica.
Essa classe de medicamentos é de fácil acesso a população, uma vez que dispensam a ida ao consultório médico e podem ser simplesmente solicitados aos farmacêuticos na drogaria.
Se você está se perguntando por que os MIPs não exigem receita, eis é o motivo: esses remédios já têm sua eficácia e efeitos colaterais bastante conhecidos quando o assunto é o tratamento de problemas simples e autolimitados.
É o caso, por exemplo, de sintomas como dor de cabeça, azia, tosse e congestão nasal. Não por acaso, as embalagens desses remédios não possuem tarjas como outros medicamentos.
Vale destacar, ainda, que os MIPs têm um importante papel no nosso sistema de saúde – uma vez que consultas médicas ou odontológicas não são necessárias para sua aquisição, há redução da sobrecarga e de parte dos gastos do SUS.
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Quando um medicamento pode ser considerado um MIP?
Como já mencionamos, os medicamentos isentos de prescrição possuem sua eficácia e efeitos colaterais amplamente conhecidos e estabelecidos.
Nesse sentido, para que um determinado remédio receba essa classificação, ele precisa atender a certos pré-requisitos definidos pela ANVISA, a saber:
- Ser utilizado para tratar doenças que não sejam graves e que apresentem evolução lenta ou inexistente;
- Ter suas reações adversas bem conhecidas e baixa toxicidade;
- Apresentar baixo potencial de interação com outros medicamentos;
- Não gerar dependência química ou psíquica a quem o utiliza;
- Ser de fácil manejo.
De fato, os MIPs devem oferecer os menores riscos possíveis às pessoas e serem utilizados por curto período de tempo (ou conforme descrito na bula). Por esse motivo, não existe esse tipo de medicamento para uso contínuo.
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Lista de medicamentos isentos de prescrição: conheça os principais
No mercado, os MIPs podem ser encontrados em diversos formatos: comprimidos, soluções, pastilhas, cremes, pomadas e xampus, entre outros.
Como vimos, esses medicamentos tratam doenças não graves e oferecem alívio para incômodos como dores de cabeça, nariz entupido, azia, febre, tosse, dor de garganta, assaduras e muito mais.
Confira abaixo alguns dos principais MIPs disponíveis no país:
Analgésicos antipiréticos
São os famosos “remédios para dor e febre” e aliviam incômodos como dores de cabeça, dores musculares e alta temperatura corporal. Nessa categoria, estão medicamentos muito utilizados no nosso cotidiano. Eles incluem:
- Dipirona (Novalgina)
- Ibuprofeno (advil)
- Ácido Acetilsalicílico (aspirina)
- Paracetamol (Tylenol)
- Paracetamol + cloridrato de fenilefrina + maleato de carbinoxamina (cimegripe)
Antiácidos
São remédios indicados para aliviar a azia e a má digestão. Exemplos são:
- Carbonato de Sódio + Bicarbonato de Sódio (sal de frutas)
- Hidróxido de Alumínio
- Hidróxido de Magnésio (leite de magnésia)
- Simeticona (Luftal)
Laxantes
Conhecidos também como “purgantes”, são medicamentos para aliviar a prisão de ventre e estimulam a defecação. Os mais conhecidos são:
- Bisacodil (Lacto purga)
- Lactulose
- Picossulfato de sódio
- Policarbofila cálcica
- Macrogol + bicarbonato de sódio + cloreto de potássio + cloreto de sódio
Antifúngicos
É a classe de medicamentos que auxilia no tratamento de micoses. Aqui, temos alguns nomes muito comercializados, como:
- Ácido benzóico + ácido salicílico + iodo metálico
- Cetoconazol (que pode ser comprado na forma de xampu)
- Cloridrato de amorolfina (pode ser comprado como esmalte)
- Nitrato de miconazol (vogol)
- Flutrimazol
Descongestionantes nasais
O famoso “nariz entupido”, como muitos conhecem o congestionamento nasal, é o foco dos descongestionantes nasais, a exemplo de:
- Acetilcisteína
- Cloreto de sódio (rinosoro)
- Cloridrato de azelastina
Fitoterápicos
Existem alguns MIPs que também são fitoterápicos, ou seja, são extraídos de plantas medicinais. Essa classe possui uma diversidade de indicações muito grande e podem ser obtidos de várias ervas. Abaixo, você pode conhecer algumas das principais:
- Aloe Vera (Aloe vera): cicatrizante que também combate a inflamação
- Calêndula (Calendula officinalis): cicatrizante que também combate a inflamação
- Guaco (Mikanya glomerata): expectorante
- Boldo (Peumus boldus): alivia incômodos gastrointestinais
- Erva cidreira (Melissa officinalis): combate a ansiedade, gases e tem atividade cicatrizante
- Eucalipto (Eucaliptus globulus): expectorante
? Quer conhecer todos os MIPs que são vendidos no país? Acesse aqui a lista completa de medicamentos isentos de prescrição, com suas respectivas informações!
Indicação farmacêutica de medicamentos isentos de prescrição: como funciona?
Fique atento: apesar de serem produtos de fácil aquisição, a escolha de um MIP para tratar algum incômodo exige cuidado e conhecimento.
Quando não se sabe qual a melhor opção de um deles, entra em cena a chamada “indicação farmacêutica”. Nesse tipo de serviço, o farmacêutico pode recomendar um MIP que seja mais adequado à realidade de quem precisa tomar esse remédio.
Vale a pena destacar que essa prática faz parte das ações de cuidado farmacêutico e é de extrema importância, pois muitas das vezes quem precisa de um determinado MIP pode não saber o que solicitar na farmácia. O farmacêutico, então, irá auxiliar na escolha do produto mais indicado para o quadro e para o bem-estar do paciente, desde que utilizado corretamente.
Aqui, é válido ressaltar que a indicação farmacêutica é um serviço que envolve apenas os medicamentos que não precisam de receita. Se esse não for o seu caso, agende uma consulta médica para a indicação do melhor tratamento!
Alerta para a automedicação: use os MIPs com responsabilidade!
A facilidade de acesso e a autonomia no processo de aquisição são umas das principais características de um medicamento isento de prescrição. Por esses aspectos, a OMS enquadrou o uso dos MIPs naquilo que chamamos de “automedicação responsável”.
Segundo a instituição, o conceito diz respeito à prática dos indivíduos de tratar seus próprios sintomas e males menores com medicamentos aprovados e disponíveis sem prescrição médica – e que são seguros e efetivos quando usados conforme as instruções.
É preciso reforçar, entretanto, que o uso de MIPs realmente exige bastante cautela. Assim como qualquer outro medicamento, os remédios que não precisam de receita também podem causar efeitos adversos quando utilizados de forma incorreta/com grande frequência.
O uso indiscriminado de medicamentos isentos de prescrição, além de poder gerar graves danos à saúde, também pode mascarar as causas de doenças e interferir no correto tratamento – isso porque os MIPs tratam apenas os sintomas, e não a raiz das enfermidades.
? Tem algum sintoma leve e não sabe qual MIP escolher? Na dúvida, sempre converse com um farmacêutico. Esse profissional é capacitado para fazer a melhor indicação e ajudar você a viver sua melhor versão usando os medicamentos de maneira certa. Se os sintomas persistirem, agende uma consulta médica!
Esperamos que tenha gostado do conteúdo e esclarecido suas dúvidas! Até a próxima!