As plantas nos oferecem muito mais do que alimentos: elas também são saúde. Seu metabolismo permite que muitas substâncias com ação medicinal sejam produzidas e permitem que ervas possam ser empregadas para melhorar a qualidade de vida de quem enfrenta alguma doença. O assunto em cena, é claro, são os medicamentos fitoterápicos!
Vale destacar que o emprego de plantas medicinais no tratamento de desordens do nosso organismo é antigo – há registros desse uso desde tempos muito remotos. Essa classe de medicamentos guarda algumas diferenças-chave em relação aos remédios obtidos de forma sintética e, assim como eles, devem ser tomados corretamente e com segurança.
No artigo de hoje, você vai aprender mais sobre o que é a fitoterapia, sua importância e os cuidados que você deve ter na hora da utilização. Continue a leitura!
O que são medicamentos fitoterápicos?
Em poucas palavras, os medicamentos fitoterápicos são aqueles obtidos a partir de uma planta medicinal ou de partes dela.
Por sua vez, o termo “plantas medicinais” se refere àquelas que possuem alguma atividade terapêutica e podem ser usadas para tratar enfermidades.
Essa ação terapêutica se deve à diversidade de substâncias químicas que algumas plantas são capazes de produzir. Muitas vezes (e com o uso correto!), esses compostos são capazes de melhorar quadros de saúde com eficácia e trazer mais qualidade de vida.
Medicamentos fitoterápicos: exemplos
Existem diversos medicamentos fitoterápicos registrados no Brasil, abrangendo uma ampla gama de doenças e sintomas. Abaixo, listamos alguns dos mais utilizados e suas indicações terapêuticas:
- Alcachofra (Cynara scolymus): hepatoprotetor que auxilia no tratamento de distúrbios hepáticos e gastrointestinais;
- Babosa (Aloe vera): cicatrizante com ação anti-inflamatória;
- Boldo (Peumus boldos): auxilia no tratamento de distúrbios hepáticos e digestivos, como a dispepsia;
- Camomila (Matricaria chamomilla): cicatrizante com ação anti-inflamatória. Também pode ser utilizado no alívio de sintomas gastrointestinais;
- Calêndula (Calendula officinalis): cicatrizante com ação anti-inflamatória;
- Espinheira Santa (Maytenus ilicifolia): antiulceroso que alivia sintomas digestivos;
- Eucalipto (Eucaliptus globulus): expectorante e broncodilatador;
- Guaco (Mikania glomerata): expectorante e broncodilatador;
- Melissa (Melissa officinalis): antiespasmódico que também combate gases e alivia a ansiedade;
- Salgueiro (Salix alba): alivia febre, dores e combate a inflamação;
- Unha de gato (Ucaria tomentosa): ação anti-inflamatória e de alívio da dor.
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Toda preparação com plantas medicinais pode ser considerada um medicamento fitoterápico?
Não! De fato, conforme o conceito já mencionado, esses medicamentos têm origem em plantas medicinais ou seus derivados.
Entretanto, a origem vegetal não basta para que um remédio seja considerado um fitoterápico: ele também deve ser submetido a processos industriais a exemplo do controle de qualidade e formulação. Sendo assim, podemos concluir, por exemplo, que os chás não podem ser considerados medicamentos fitoterápicos.
Quais são os medicamentos fitoterápicos registrados na Anvisa?
No Brasil, existe uma grande variedade de fitoterápicos reconhecidos pela nossa Agência Regulatória, a ANVISA. O registro desses medicamentos é regido pela RDC 26 de 13 de maio de 2014, que especifica os requisitos necessários para se registrar um fitoterápico e fazer a notificação de novos produtos.
A relação de medicamentos fitoterápicos registrados na ANVISA é extensa. Em seu portal, a agência disponibiliza a lista de fitoterápicos passíveis de notificação, ou seja, que podem ser produzidos e comercializados pelas indústrias. Acesse aqui e conheça cada um deles.
É possível, ainda, consultar a situação regulatória de um medicamento em específico na página de buscas da agência.
Quais são os fitoterápicos disponibilizados pelo SUS?
Segundo a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME), o SUS disponibiliza, até o momento, um total de 12 fitoterápicos para o tratamento de sintomas gastrointestinais, respiratórios, inflamatórios e outros.
Vale ressaltar que todos eles fazem parte do componente básico, ou seja, tratam os principais sintomas da população na atenção primária à Saúde. São eles:
- Alcachofra (Cynara scolymus)
- Aroeira (Schinus terebinthifolius)
- Babosa (Aloe vera)
- Cáscara-sagrada (Rhamnus purshiana)
- Espinheira-santa (Maytenus officinalis)
- Guaco (Mikania glomerata)
- Garra-do-diabo (Harpagophytum procumbens)
- Hortelã (Mentha x piperita)
- Isoflavona de soja (Glycine max)
- Plantago (Plantago ovata)
- Salgueiro (Salix alba)
- Unha-de-gato (Uncaria tomentosa)
Quem pode prescrever medicamentos fitoterápicos?
Existem fitoterápicos que são isentos de prescrição médica (os famosos MIPs) e os que precisam de receita para serem adquiridos. Aqueles que dispensam a apresentação de receita podem ser recomendados por médicos, farmacêuticos, enfermeiros, nutricionistas e dentistas.
Já os fitoterápicos que precisam de prescrição possuem tarja nas embalagens e só podem ser indicados pelo médico ou dentista. Vale lembrar que, nesse caso, a apresentação de receita para a compra é obrigatória.
Quer saber mais sobre os medicamentos isentos de prescrição (MIPs) e suas particularidades? Não perca este artigo!
Os fitoterápicos podem substituir os medicamentos tradicionais?
Os medicamentos fitoterápicos, assim como os medicamentos sintéticos, são uma alternativa terapêutica quando o assunto é o tratamento de uma condição de saúde.
Entretanto, nem todo fitoterápico pode substituir um medicamento tradicional. De maneira geral, esses últimos têm ação mais específica sobre uma determinada doença: muitas vezes, não há um substituto à base de plantas para “compensar” a ação terapêutica promovida por um fármaco convencional.
🚨 Alerta Importante: a possibilidade de substituição de um medicamento tradicional por um fitoterápico deve ser avaliada apenas pelo profissional de saúde, que será capaz de analisar o quadro e o histórico de saúde individuais em cada caso.
Fique atento: 5 cuidados que você deve ter no uso de medicamentos fitoterápicos
Muita gente cai no senso comum de que “o que é natural, não faz mal” – mas essa ideia não procede!
É preciso ter em mente que os fitoterápicos, assim como qualquer medicamento sintético/tradicional, exigem cuidado na hora do uso e não estão isentos de toxicidade.
Confira 5 recomendações importantes:
1. Cuidado com a automedicação!
A determinação de uma terapia adequada é feita pelo profissional de saúde. Se você tem algum sintoma e não sabe o que fazer, não se automedique. Procure um centro de saúde mais próximo e peça ajuda!
2. Substituições? Não antes de procurar um profissional
A substituição de um medicamento por outro, seja fitoterápico ou tradicional, só pode ser realizada após a análise de um profissional da saúde. Nenhuma substituição deve ser feita sem orientação especializada. Com medicamentos não se brinca!
3. Cuidado: medicamentos fitoterápicos também causam intoxicação
Sim, esse tipo de medicamento também pode causar intoxicação e até efeitos colaterais quando não há o uso correto e consciente. Se apresentar reações indesejadas durante o uso de um fitoterápico, procure um médico imediatamente!
4. Fique de olho no armazenamento
Assim como qualquer outro medicamento, os fitoterápicos demandam cuidados na hora do armazenamento. Mantenha seus remédios na embalagem primária e, caso tenha dúvidas, consulte um farmacêutico!
5. Não misture medicamentos sem orientação!
Não misture fitoterápicos (e nem medicamentos tradicionais) durante um tratamento sem orientação especializada. Os efeitos das interações medicamentosas podem prejudicar seriamente a saúde. Um profissional deve ser consultado antes de qualquer mudança ou decisão relacionadas à terapia.
E então, gostou do conteúdo? Não há como negar: os medicamentos fitoterápicos podem ser uma ótima opção terapêutica quando há responsabilidade no uso e recomendação de profissionais da saúde.
Mesmo com todos os benefícios e a origem natural, vale reforçar: os cuidados nunca podem ser deixados de lado, e o farmacêutico é um profissional capacitado para auxiliar na necessidade de quaisquer orientações.
Agora que sabe mais sobre o tema da fitoterapia, aproveite para conferir 10 coisas que você precisa saber sobre os medicamentos de uso contínuo!